terça-feira, 15 de março de 2011

Quem sou eu? Ou melhor... O que sou eu? Talvez eu possa ser o que os mais sábios buscam.
Ou talvez possa ser o que falta nos trogloditas urbanos.

De fato sou o que sou e ninguem nunca poderá saber me explicar.

Meu nome? Os anjos me chamam de salvação, os demônios de sofrimento...
já os humanos me chamam de, simplesmente, amor.

Eu invado o coração dos humanos ocasionalmente e controlo todos os gestos e sentimentos do mortal.


Sou avassalador, omito todos as outras coisas e faço com que você não se importe mais com nada.
Posso ser gentil, suave...

Mas também posso ser traiçoeiro e decepcionante.
É tudo consequência da pessoa que você tenta escolher pra passar a vida.


Eu controlo os humanos, mas eles também me controlam. É Tudo uma questão de equilíbrio.

Juntos somos um só, enfrentando todos os problemas e desavenças que essa injusta vida pode te trazer.
Posso te ajudar... ou até te matar.

Desejo Doentio

A faca era retirada de seu abdômem enquanto sua boca se juntava com a da assassina. Ela
tocava gentilmente seus lábios nos deles, enquanto a lâmina empalada era lentamente
puxada pra trás. O sangue escorria em grande quantidade naquele piso xadrez de pedra
lisa. Puxou-a por inteiro, jogando-a violentamente para longe. Ela agarrou o homem sujo,
enquanto ia em direção à parede. Mordia-lhe a boca, apertava seu corpo e o arranhava. O
homem só gemia baixinho e sangrava pelos inúmeros cortes em seu corpo.

O barulho de sangue escorrendo, que ecoava por todo o ambiente, predominava. A mulher
o pressionou mais ainda na parede e disse, em seu ouvido:

- Hm... tá gostando, é?

- Argh...

O homem suspirou, desviou o rosto e vomitou sangue no ombro esquerdo da mulher,
sujando o vestido branco que usava. O terno preto do homem estava cercado de rasgos
horizontais e finos, causados pela faca. Uma grande poça no chão cercava o casal. A mulher
continuava a beijar o homem quando ele deu seu último suspiro, que o fez tossir mais e
mais sangue. A mulher se afastou um pouco, fazendo o homem cair no chão como um
boneco. Ela tapou sua boca com a mão, que já estava pingando de sangue. Ela parou de se
afastar e se ajoelhou, dizendo:

- Eu te amava Eduardo... Ah, como eu te amava...

Ela se pôs a gargalhar, com suas mãos no rosto. Ela podia ouvir a porta do grande depósito
sendo arrombada, enquanto o policial com seu fuzil a ordenava a ficar parada com as mãos
pra cima. O penar do homem fora nada agradável, pois o casamento era o que mais desejava
em toda sua vida. Por contrário, a morte do pobre homem a serviu de modo demasiado.
Após sair da prisão, a mulher buscava outra vítima pra lhe satisfazer....

Ordo Salutis

Ele estourou através de minha janela. Vestia um manto preto que ia até os pés, com um capuz. Uma espada curvada o ocupava a mão esquerda. Tinha um tipo de fumaça escura entre seu corpo, que o fazia parecer cada vez mais assustador. Um grande e negro par de asas se abria lentamente diante de mim. Uma auréola que parecia ser feita de arame farpado flutuava sobre sua cabeça.

Cabisbaixo, se aproximou de mim. Eu podia sentir um ar gelado rondar por aquele corpo sombrio.

Eu sentia minhas veias se congelarem diante da situação. Meu coração parecia parar quando eu olhava diretamente pra aquela figura. Ele parecia ter sido tirado de algum filme ou livro de horror Meus olhos permaneciam saltados e eu não tinha a capacidade nem a coragem de piscar. Sua respiração era pesada e lenta. Tossiu. Um pouco do sangue dele voou em minha blusa branca. Era preto e nojento... manchou meu peito quase por inteiro. Ao menos aquele sangue quente poderia aquecer meu corpo, que já estava frio e rígido.

Estendeu seu braço que carregava a espada até o meu rosto. A lâmina estava a alguns centímetros do meu nariz, que já escorria rosto abaixo. Engoli em seco. Meu ultimo suspiro seria agora, mas eu já estava ciente disso. Ou será que não?

(A criatura, rapidamente, levantou a espada, se aproximando do corpo do homem e a abaixou com toda a sua força. Separou-lhe em apenas 2 pedaços e fez o sangue sujar todo o chão e paredes).

- Quod ut merita es poena.

A criatura abaixou o capuz, revelando seu rosto: Era totalmente branco, com diversas cicatrizes matematicamente distribuídas. Seus cabelos, negros, eram jogados pra trás, mostrando a grande cicatriz em formato de pentagrama, em sua testa. Seus olhos pareciam ser dois poços de lava, que borbulhavam e chamuscavam cada vez mais. Num pequeno estrondo, saiu dali atrás do próximo pecador.